sábado, 15 de agosto de 2015

Domingos

Ainda chora, e quem não choraria?
E quem não sentiria saudades de inverno gostoso com sabor de pizzas nos domingos,
de deitar do lado esquerdo da cama, de dividir o mesmo travesseiro.
Ao final de tudo ela sabia que quando acabasse continuaria sentindo todo o gosto da ausência,
ela sabia que no final de tudo o coração iria doer, de que procuraria tanto o passado nas pessoas.

Num dia chuvoso dentro do carro, se desarmou tanto que o dia fez-se noite das mais solitárias no peito, nenhuma alma que a pudesse fazer esquecer tantos detalhes que viraram rotina da saudade.
Ela já sabia desse amargo peso que a vida é,
e que por mais que tentamos, por mais que nos sacudimos prontas para um novo dia, nunca será como antes, claro que nunca será. Mas é que as vezes passado é tão gostoso de voltar.
Tem dias que acorda e quer viver a novidade, e dias que não sai da cama e chora, e quem não choraria?

Ela só queria saber se desse passado também sobraram saudades do lado de lá, que também faz doer,
e que uma pontinha de sentimento ainda faz ele viver na memória várias e várias vezes quando não há pizzas aos domingos.
Esse cheirinho de nostalgia traz uma coleção de sentimentos, e ela conhece cada um por tantos dias que se passaram e por tantas tentativas de quebrá-los, não passa.... nunca passa, é um grande peso que talvez será mesmo eterno.

E quem não sentiria saudade de quando as coisas fazem sorrir  na memória?  Do coração saltando de alegria dos detalhes que ficaram? Em cada pulsar de saudade é tão deles, tão íntimo, tão dele, somente.

Ela sabe, acabou, já se foi, e nunca mais voltará. Mesmo que a destrua as vezes, ela ainda é forte, aprendeu a ser. Segue cheia de medos e dores, mas segue, com dias de pé e diante das escolhas feitas, e dias de choro... Mas quem não choraria?