domingo, 22 de maio de 2016

Under Pressure

Nossas escolhas logo são mediadas de consequências, e como não seriam? cada ação gera uma reação.
É solitário não ter chegado na metade da vida, e olhar em volta e sentir que você já está bastante sozinho, ver que sua vida se baseia apenas em rotina de obrigações, responsabilidades, horários marcados para tudo, correria, livros, trabalho, manter sempre a ética, manter sempre a sanidade pra nada sair do planejado, planejar, planejar cada minuto do seu dia livre para adiantar as coisas atrasadas, não poder ficar cansada, não poder só deitar e dormir ou deixar o dia acontecer lá fora e você ter um compromisso com o descompromisso aqui dentro, não poder pegar a estrada sem rumo e sumir por algumas horas, só pra curtir sua própria companhia.
 Mas é que abraçar o mundo achando que vai dar conta, é muito solitário. Não ter tempo de poder sentar e sentir, sentir é tão bom, mas tem sido tão antigo. Sentar e só ter um papo legal, e só isso, ir embora e sorrir por que você conseguiu conversar com alguém que não tinha intenção de nada, era só uma pessoa sozinha também querendo conversar sobre o tempo, vai chover, e tem chovido muito aqui dentro.
Aqui dentro tá explodindo, tá gritando, sozinha, com sua própria companhia, a gente caminha junto, planejamos tudo, nos salvando todos os dias, nos segurando para que nada saia do normal. Mas quando o normal vai ser mesmo normal?
E você não tem pra onde ir, não tem pra quem contar, conversar, ou ouvir, essa estrada tá bem longa, bem difícil de identificar quando é a hora de viver e a de sobreviver. De fato, escolher a solidão, invés de viver forçando uma felicidade que não existe é bem mais preenchedor. Só que esperar é também angustiador.
"Vivemos esperando o dia em que seremos melhores,
 melhores no amor,
 melhores na dor, melhores em tudo."
É confuso. Tem um bolo na garganta que ainda não se sabe de onde veio, mas precisa sair, porém não dá tempo, tenho hora marcada.
Vivemos esperando, e isso já é de deprimir, porque não sabemos o que estamos esperando, e nem o porque. Sabemos que viver está sendo duro, nos tornamos pessoas duras, sonhando com o dia que teremos aquela sensibilidade novamente.
A gente não precisa se machucar tanto, mas a vida tem sido tão agressiva, tem esfregado na nossa cara que não somos capazes de aproveitar nosso tempo , não somos capazes de escolher ficar sozinhos e ficar satisfeito com nossas escolhas, não somos capazes, e isso é angustiador.

"Pray tomorrow - gets me higher high high...

Chippin' around
Kick my brains around the floor
These are the days it never rains but it pours"


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Saturday

As coisas profundas da vida são muito árduas de permitir sentir.
Podemos viver várias épocas em uma só vida... Épocas utópicas, marcadas e classificadas conforme os sentimentos vivenciados.
Quando a morte nos rouba amores de uma vida inteira, o tempo nos parece traiçoeiro.
Há caminhos que nunca pensamos em pisar, e de repente o tempo nos obriga a caminhar
Existem épocas que somos terrivelmente cruéis com as pessoas, e acabando por machucarmos a nós mesmos.  Mas há tempos que colhemos o que plantamos.
Para quem mente o tempo não passa, para quem é enganado o tempo apenas fere, sem ver passar.
Para quem sabe viver cada minuto com intensidade, a vida é bela e nunca envelhece.
Épocas inesquecíveis aquelas em que apenas a infância sabe sensibilizar-nos.
Sujeitamos também a várias fases que aprendemos, que nos aperfeiçoamos, cabendo inteiramente a todos os espaços que a vida foi abrindo.
O que foi sentido é único, exclusivo de cada um. Nunca se pode julgar as marcas dos outros, marcas podem nunca serem iguais as dos outros, mas cada um carrega sua própria intensidade em ver as coisas.
Ontem mesmo, fui refém de mim, pisei sem ver onde meus pés não podiam chegar, e essa mania de ir indo. Caí, levantei, e não vou parar... Cada dia um passo diferente, uma direção diferente...
De tudo que já foi vivido ganhamos mais dúvidas, duvidando de tudo o que sempre acreditamos ou nos fizeram acreditar, das crenças que fizeram de você uma escrava espiritual sem nem buscar compreender a razão das coisas. Porque a gente vai descobrindo com o tempo que a razão é que pode ser verdadeira.
Talvez nunca tenha existido aquelas teorias "espirituais" para tudo, talvez somos nós mesmo os autores de tudo, a permissão é nossa. Ou talvez tenha um "porque" para as coisas, que ninguém ainda saiba.
O amor marca uma época, ou várias, é mais um sentimento árduo que precisa de cuidado diário.
Para quem ama, o amor pode ferir ou curar, acredito que os dois podem trabalhar juntos.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Courage

E nesses desencontros da vida,
nós não nos encontramos nem numa esquina pra tomar um café
e o cheiro nem fica, passa tão rápido que qualquer brisa se assusta.
É estranho não ter notícias suas a tanto tempo.
A vida aqui fora não é tão calorosa como eram os nossos dias juntos,
fazíamos de qualquer coisa um grande evento, andar de bicicleta até o supermercado para buscar um sorvete, tudo era feito com muito sentimento. Talvez o sentimento maior do mundo.

Hoje guardamos todos os sentimentos bonitos numa caixinha, e deixamos ela de lado no meio da poeira do sótão, e pra que mexer com ela? Pra que ligar depois de tanto tempo? Pra que tentar o que a gente sabe que nunca vai?
As pessoas crescem, aprendem, e mudam constantemente. Enxergar tudo o que erramos com o outro e tudo o que faríamos diferente chega a ser uma mistura de sentimentos bons e ruins, depende de onde nos levam.
É preciso coragem para enfrentar os dias em que você assume uma postura de renovo.
Renovo das coisas que pisam e massacram o outro, renovo dos sentimentos maiores que deixam saudade e arrependimentos, renovo do tempo que teve e não foi bem utilizado, renovo das perdas que ainda doem, renovo do amor como sentimento frágil... Um renovo que te faz melhor...
Ainda existem muitas perguntas sem respostas, e eu ainda não entendo, não sei responder porque ainda dói, mesmo depois de anos? Porque ainda mexe? Machuca e ao mesmo tempo faz sorrir, porque? Eu sei, machucou muito mesmo, feriu, e deixou rastros irreparáveis, mas sabe... mesmo assim eu sei que tinha muito sentimento, tinha muito amor, tinha muita coisa que antes não tinham o valor que hoje tem, porque é assim, a gente só se dá conta depois que passa e que não dá mais pra voltar atrás. 

E nessa bagunça toda de jogar as lembranças no sótão e depois buscar, e vice versa, elas vão ficando meio chulas, vão perdendo o brilho, vão desgastando... Coisas de passado! Coisas que a gente não sabe se vai ou se fica, você tenta esquecer e deixar pra lá, mas estão sempre ali te assombrando, pra bem e pra mal.
 E o que aprendemos com as lembranças? Aprendemos sobre coragem e sobre renovo. Esquecemos por completo? Não, porque ainda moram aqui dentro, com gostinho de quero mais, com gostinho de "deixa eu te fazer feliz", e com vontade de um encontro em uma esquina qualquer pra tomar um café, e conversar sobre como tem sido a vida. 
Coragem moça, a gente cresce, cresce, cresce, e as coisas mudam, mas ainda não inventaram a máquina que te faz voltar no tempo, então deixa.. deixa que o tempo acerta tudo, ainda não chegamos lá, eu sei... Mas um dia quem sabe a caixinha do passado resolve te perdoar, ou te leve para morar junto no sótão com uma janela direcionada para as estrelas.