segunda-feira, 16 de setembro de 2013

quebrada

Escrever distorce a alma, enxuga as lágrimas
Escrever alivia o coração cansado, alivia o peito sufocado...
Sozinha, foi como a jogaram na vida -Vai! Só você pode fazer isso por você...
Vendo passar como não deveria estar, a fez chorar... só chorar...
Quando a gente doí, precisamos saber cuidar e perdoar a própria dor, e várias ainda virão..
Andando pela estrada a gente vai olhando e enxergando o que queremos ver nas nuvens, sempre dependendo do estado, e quase nunca olhando para o lado..
Ela sentiu-se pequena, tão pequena que incapaz de sorrir, incapaz até de dizer
Falar será sempre uma ponte entre a frustração e o controle,
Se a gente soubesse o quanto o carinho salva, o quanto o sorriso quebra o choro, e atenção alimenta, não nos perderíamos de nós mesmos todos os dias.
Tem dias que o mais lindo céu azul e o mais quente dos dias, não aquece um coração que amanheceu cinza.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Doce

  A gente ama sim, e não há o que contestar...
  Pedindo algo em troca, pedindo posse,
é o que nós queremos, promessas e algemas.
  Foi lá no fundo do estômago, palpitou, fez a cabeça girar, e o velho sorrisinho no canto dos lábios, quando diz mentiras sinceras... Quando falta paz na loucura, e esquecem qualquer real história.
  E é assim que nós queremos sempre ser, tem que ter raiva no amor, tem que ter ódio nos olhares, pra depois rir e cair no calor dos braços, tem que fazer aquecer todo tipo de sentimento clichê...
  O inverno traz isso, traz calor nos beijos, traz sono no meio do dia, saudade prematura.. Não dá pra buscar sansatez, e que qualquer embriaguez chegue ao topo pra confiar em um abraço forte e um puxão de cabelo... Que seja doce e amargo...
  Que nunca falte ódio no amor, todos os dias o que nós queremos, fervura do frio... É o que nós queremos, é o que todos nós queremos, é o que todos nós sempre queremos..
Loucura disfarçada em estação!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Epitáfio

 "Camila, quando as crianças brincam de roda, elas buscam nesse momento um certo "alívio" da realidade... girando e girando até perder o foco... isso vem da infância, essa busca de esquecimento, através de um conto de fadas, ou qualquer coisa que invente um novo mundo" - nunca mais esqueci...

   São aqueles momentos que nenhuma palavra faz sentido, que nada diminui a dor, aquela vontade de dormir e acordar dois anos depois pra ver como a vida ficou sem a gente se intrometer...

  Girando e girando... naquela corda bamba onde o único som é do vento me empurrando para baixo, fracassando nos detalhes e esquecendo de ganhar outra vez...

   Sorrisos podres, são os que eu vejo quando ando por aí... Sim, as pessoas tem uma droga de vida, e buscam do sobrenatural um alívio, buscam uma cura que nunca chega, e quanto mais se busca, mais doí, mais oprime...
   É um vazio incurável, ninguém tem culpa, nem a culpa faz sentido... Palavra nenhuma descreve a própria ausência que já nasce com a gente.
   Veio lá do berço a idéia de que com o choro nós vamos conseguir algo, mas a verdade é que a vida não está nem aí pra você, e você pode chorar, pode correr, gritar, se desarmar, essa é a tendência, mas não vai nunca aliviar, é só mais um punhal dentro de um bolo de aniversário... passam anos e o vazio só aumenta.
 Morra todos os dias, e esqueça TUDO pela manhã, ou a realidade vai te engolir.... Gire o máximo que puder e tente encontrar refúgio na dor... Quanto mais sorrisos, mais desgraças...
  Não sobrou nada pra contar, apenas das fraturas expostas no peito, da tristeza que o fim de inverno deixa.. Das mortes que não vão voltar, levaram pedaços de amor pra nunca poder ressuscitar...
 e é isso o que a vida faz, ela leva pessoas, as enterram, engolem... e somem...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

partida

 Vô, eu fui forte o dia todo, cuidei para que ninguém se desarmasse, assisti todos assustados com sua ausência. Têm sido dias difíceis forçando a calma...  Sinto falta da sua voz no telefone.
 Fico imaginando as suas coisas que ficaram, seu cheiro nas roupas...
 Lembro do senhor olhando pra mim, a respiração falhando, a mente confusa, o bip dos aparelhos, seu olhar atento e triste, lembro daquela agulha que o senhor tentava tirar o tempo todo, quando eu disse que te amava e o senhor apertou forte as minhas mãos e disse que também me amava, como eu queria te ouvir de novo!
 Tenho medo de esquecer como era sua voz, medo de esquecer da presença forte que o senhor era. Tenho tanto medo da sua ausência... As vezes fico imaginando onde o senhor deve estar agora, é bobo isso, mas é impossível acreditar que não o verei mais... Nossa, a morte tem sido real agora, doí tanto...
 É desesperador não poder te ver... doí lá dentro e me faz tão triste, sua partida me pegou tão de repente, e tem feito doer muito, não suporto ver a dor da minha mãe com sua falta... Vô, eu te amo tanto, queria ter tido mais tempo ao seu lado, queria ter dito que te amava mais vezes, queria te abraçar agora... não sei o que dizer, é uma dor jamais sentida...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Anjo de vidro

É doce ver as maçãs do seu rosto, moça, são coradinhas
Sua fala é mansa, é pensativa em cada palavra,
moça, a sinhazinha é tão delicada quando anda, parece uma dança, flutua, desliza, isso me encanta!
Ontem eu vi, que você descia as escadas com as mãos no rosto, escondia lágrimas debaixo daquele singelo sol pela manhã!
A moça de ontem era triste...
Ei, volta aqui... Hoje eu trouxe para a princesa, essa flor! Arrumei ela logo ali perto de onde eu corto as lenha para aquecer a sinhazinha nas noites frias...
Sabe, eu vejo que seu coração escancara fácil, vejo que se desarma e depois solta aquele sorriso que derruba qualquer exército!
Quero ver onde termina tal ternura, quero ver onde há tanta angelical presença, se a sinhazinha não sabe, eu conheço bem o seu pai, ele não deixa a princesa dele chorar.
Aquele moço que vem todas a noites pular sua janela, ele não é daqui, pertence a outro povo, nunca chegou a tocar nas mãos de um anjo de vidro!
Eu vou contar pra todos que você chora, assim eu fico com você só pra mim!
Sei o que você sonha quando dorme, e eu vou entrar nos seus sonhos, vou te buscar e te levar pra onde a moça veio, e deve voltar
o céu é o seu lugar, lugar de anjo ficar, pureza que arrasta uma multidão aos seus pés
Moça, eu gosto de ver você sorrir, só pra ver as maçãs dos seu rosto corar,
é tão linda que parece uma moldura!
Moça toma a sua flor, que agora eu vou cortar lenha, a noite vai fazer frio!

sábado, 9 de março de 2013

O cheiro dos seus dias

 Tentava tirá-lo de dentro de mim e colocá-lo entre letras espalhadas nas cartas, tentava de alguma forma materializá-lo, descrevia o contorno dos seus lábios como se fossem histórias de uma vida inteira, contava para os tantos pedaços de papel, o cheiro qe os seus dias deixavam, lia trechos e apaixonava-se pelo personagem que ali se desenrolava, não era possível evitar qe meus olhos o criassem ao meu modo, ele chegava a ultrapassar a realidade, e tinha momentos qe só eu sabia da existência sua. Capturava-o nas esquinas dos meus impulsos, fotografava-os na esperança de desfazer a efemeridade, guardava tudo em cofres bem seguros da memória seletiva de coisas bonitas, e toda vez qe eu queria dormir ao lado seu bastava reservar para os minutos antes do sono o filme gravado pelas retinas de outrora, ele já não era apenas corpo, era alma.
  E quando eu te perco tenho vontade de nunca ter atravessado um caminho qe não era o meu, te perco tantas vezes, em tantos dias, a gente se perde um do outro tão constantemente qe me pergunto qual é o fio da linha qe nos ata, e aí quando vejo você me escorrer pelo canto dos olhos eu prefiro voltar para meu esconderijo, dentro das suas asas, pra deixar deslizar sua pele em minhas mãos, e nunca soltar o nosso fio.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

asas de gavião

A medida qe o trem seguia, cada estação era tanto encontro, quanto despedida. o caminho de ida, era o mesmo caminho de volta. o primeiro beijo dos cílios se fazia tanto começo, quanto fim. ao mesmo tempo qe se pensava caminhar, também se retornava ao ponto de origem. eram círculos permanentes. do futuro se avistava o passado. por isso, era sempre tão importante cuidar das sementes de cada dia.
Ela, menina qe ao menor sinal de tempestade já ergue o maior dos muros, tal qual fortaleza. nas costas ela veste asas de gavião, qe de tão fortes daria até pra morar dentro do seu vôo.
escondia-se por trás dos panos coloridos, das estampas chamativas, do girar das saias, do choque dos tons, até pintar outras cores, fazendo sobressair o tom da pele, as roupas se tornavam adereços pra um corpo atraente por si só, não se tratava de curvas bem definidas, mas da posse do corpo. abandonava o esconderijo qe a exibia. agora refletia-se no próprio espelho, não daqueles que nos evidendiam imagens, enxergava-se num espelho traduzido pelas retinas. eram os olhos a fonte de revelação.
Para a sua primeira casa levou boa parte da sua história nas letras dos discos de vinil cifradas de rock, guardava as músicas em ordem alfabética pra facilitar o encontro do desejo com a voz do cantor, isso era quase tudo o qe tinha na casa, e a princípio, me pareceu muito suficiente.
Sempre controversa!


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Quero estar!

Eu fico pedindo pra ver o qe você têm feito pra mim, e tudo o qe eu consigo enxergar são frases rabiscadas, folhas ragadas...
Ando vulnerável,  com vontade de abraçar o mundo, e cuspir os caroços..
Choro com frases bobas, e sorrio para qualquer gentileza!
Prepare as taças, faça um jantar, compre chocolates...  qe hoje a embriaguez fará do louco e extremo uma delicadeza na arte de consolar... E não me culpe se meus sorrisos forem molhados no canto da sua boca, é qe o cheiro da sua pele chama a minha!
Vou tocar aquela velha canção novamente, e você dirá o de sempre, mas não ligo pra isso, porque quando a vontade vem, eu não vou importar com o qe vc disser, só quero estar!
E quando você me abraçar diga coisas para me fazer corar, quero sentir suas mãos veludadas no calor de um abraço, e correr nos meus lábios, quero a loucura de um dia ser sua.
 Quero morrer o dia do seu lado, e se eu chorar... apenas me beije!

sábado, 5 de janeiro de 2013

Ela o deseja

" As vezes o amor dura, mas, às vezes, fere em vez disso " Adele.

Correu pelo bosque, caiu, levantou, continuou correndo, arranhou-se nos galhos de arvores, colheu flores espinhosas, se embriagou de venenos de plantas, caminhou lentamente até cair, e sonhar... morrer lentamente...
Ana se viu dentro da própria alma, gritante, desesperada, com medo... medo dos sentimentos, medo de amar, medo das pessoas, medo da rotina...

Surgiu uma ameaça para sua escuridão, alguém que pudesse a levar junto, que pudesse leva-la para casa...
Alguém que pudesse cantar a melodia dos dias claros, que a levasse para dentro da própria canção e fazer sorrir de novo...
E ela o deseja, tão fortemente... acordando pelas madrugadas, sonhando com seus tons, por perto, bem perto, afogando em seus braços...
Ela tem medo, ela se priva, mas é forte, é alucinante, como uma vela que ilumina toda a casa, e queima... é calor, é sorriso ao lembrar...
Vontades que vem em versos, logo letra, música... ele é a música de seus lábios
Tão distante... e tão intenso...
Amar tem sido doloroso, e a paixão tem escapado em seus dedos... não há sentimento para o qe a tormenta, indecifrável, é bom e desesperador...
Proibiu-a de amar, de sentir... Mas ela o deseja forte, quente, alucinante, desesperador... 
...e logo abre as janelas, deixando a primeira fresta de luz entrar, corre até a porta, tira as cortinas, quer luz, quer clareza de idéias...
Ela o deseja, e é apenas o qe sente, nunca se sabe até onde podem ir os desejos, até onde podem levar os sonhos, e a vontade de estar perto nessa utopia..
Seus olhos se dilatam, os lábios secam, os pensamentos param, a mente voa... nada se encaixa, nada faz sentido, é confuso... mas é bom..
Ana saiu do estado de conforto, não quis paz, não quis proteção... Ela quer cair dentro, e errar de novo!
... e de novo... de novo! sem motivo algum, apenas desejos!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

indo...

...e daí qe tiramos os sapatos, e deixamos os pés comunicarem os caminhos conforme as curvas iam pedindo. tudo bem qe algumas curvas traziam risco maior de abismo do qe de vôo, mas apesar do risco, seguimos, e não tiramos os pés do chão. é bom caminhar assim, com os pés colados em terra firme, isso de flutuar é ilusão, e toda ilusão é distante demais da realidade. então, de tanto seguirmos, chegamos em uma casinha descascada de sol, com meninos correndo em torno dela, com o corpo cor de terra vermelha. a senhora, qe na janela estava, acenou pra gente em tom de convite, e nós paramos pra regar o corpo com água bem gelada. a senhora de rugas nos olhos nos perguntou pra onde iámos, e nós, sem pensarmos muito, respondemos qe, apesar de endereços, não nos era possível determinar a chegada, nem o destino, nós só queríamos caminhar.