domingo, 17 de janeiro de 2016

Courage

E nesses desencontros da vida,
nós não nos encontramos nem numa esquina pra tomar um café
e o cheiro nem fica, passa tão rápido que qualquer brisa se assusta.
É estranho não ter notícias suas a tanto tempo.
A vida aqui fora não é tão calorosa como eram os nossos dias juntos,
fazíamos de qualquer coisa um grande evento, andar de bicicleta até o supermercado para buscar um sorvete, tudo era feito com muito sentimento. Talvez o sentimento maior do mundo.

Hoje guardamos todos os sentimentos bonitos numa caixinha, e deixamos ela de lado no meio da poeira do sótão, e pra que mexer com ela? Pra que ligar depois de tanto tempo? Pra que tentar o que a gente sabe que nunca vai?
As pessoas crescem, aprendem, e mudam constantemente. Enxergar tudo o que erramos com o outro e tudo o que faríamos diferente chega a ser uma mistura de sentimentos bons e ruins, depende de onde nos levam.
É preciso coragem para enfrentar os dias em que você assume uma postura de renovo.
Renovo das coisas que pisam e massacram o outro, renovo dos sentimentos maiores que deixam saudade e arrependimentos, renovo do tempo que teve e não foi bem utilizado, renovo das perdas que ainda doem, renovo do amor como sentimento frágil... Um renovo que te faz melhor...
Ainda existem muitas perguntas sem respostas, e eu ainda não entendo, não sei responder porque ainda dói, mesmo depois de anos? Porque ainda mexe? Machuca e ao mesmo tempo faz sorrir, porque? Eu sei, machucou muito mesmo, feriu, e deixou rastros irreparáveis, mas sabe... mesmo assim eu sei que tinha muito sentimento, tinha muito amor, tinha muita coisa que antes não tinham o valor que hoje tem, porque é assim, a gente só se dá conta depois que passa e que não dá mais pra voltar atrás. 

E nessa bagunça toda de jogar as lembranças no sótão e depois buscar, e vice versa, elas vão ficando meio chulas, vão perdendo o brilho, vão desgastando... Coisas de passado! Coisas que a gente não sabe se vai ou se fica, você tenta esquecer e deixar pra lá, mas estão sempre ali te assombrando, pra bem e pra mal.
 E o que aprendemos com as lembranças? Aprendemos sobre coragem e sobre renovo. Esquecemos por completo? Não, porque ainda moram aqui dentro, com gostinho de quero mais, com gostinho de "deixa eu te fazer feliz", e com vontade de um encontro em uma esquina qualquer pra tomar um café, e conversar sobre como tem sido a vida. 
Coragem moça, a gente cresce, cresce, cresce, e as coisas mudam, mas ainda não inventaram a máquina que te faz voltar no tempo, então deixa.. deixa que o tempo acerta tudo, ainda não chegamos lá, eu sei... Mas um dia quem sabe a caixinha do passado resolve te perdoar, ou te leve para morar junto no sótão com uma janela direcionada para as estrelas.