sábado, 17 de janeiro de 2015

Retalhos



Sou cheia de incertezas e vulnerabilidade.
A minha resistência não era tanto às flores, mas àquilo que se acabava. Ainda que eu soubesse da possibilidade permanente de plantar novas sementes, as pétalas nunca mais seriam as mesmas.
Talvez a dor seja inerente à curva. Se planejávamos seguir por aquela estrada, e agora fazemos uma curva brusca, a consequência talvez só poderia ser essa: a sensação de neblina, de futuro embaçado.
Com o tempo, até a sofrer a gente aprende.
Não é pelo seu corpo, mas é pelo corpo que é seu. Não é pela sua roupa, mas pelos panos que vestem você. Não é pela sua aparência, mas pela moldura que existe em você. Não é por nada que caiba em alguma vitrine, ou em algum período promocional, mas pela história contada pelos cílios, ancorada na pele. Vez ou outra é necessário consultar o baú das coisas que não se vão pra que a gente possa seguir em frente sem retalhos de passado espalhados pelo chão. Eu amo completamente, sem mapa, sem bússola, sem passado. Porque quando você me abraça seu coração deixa de bater só no peito e pulsa em torno do meu corpo inteiro.
Os panos que vestem o guarda-roupa são os mesmos, as janelas que dialogam com as ruas são as mesmas, as fotos guardando passados também não mudaram, as pessoas conhecidas pelo nome continuam em sua companhia, a família permanece no sangue, os livros ainda ultrapassam a pele, os sabores ainda são atraentes, as cartas não deixaram de serem escritas, o verde continua feito paisagem urbana. Os elementos são os mesmos, mas ela não é a mesma. misturaram os tijolos da construção, abalaram a estrutura, quebraram alguns pilares, surgiram outros suportes, ergueram-se novas varandas, outros ventos se apresentaram. além do palco, mudou completamente a personagem
Mas sabe... A vida tem esse poder, de nos embriagar sempre. Mantenha-se embriagada, com a sobriedade necessária para dar firmeza aos passos em meio a cordas bambas. 
Hoje brindaremos à nossa loucura permanente pelo amor! E desculpas são dispensáveis. Não pare de usar aquilo que lhe faz sentido. E que bom que o nosso encontro nos traz trocas tão bonitas, daria até pra colocar entre molduras.
Você sabe, você pode desaguar sempre em mim, a gente morre mesmo um pouquinho quando chora, mas é importante cuidar da lágrima que cai, porque se não ela volta cada vez mais forte, tal qual tempestade. É preciso cuidar muito da gente pra não nos doermos tanto. Talvez ele não tenha ido embora, talvez você se abandona com tanta frequência que falta você na relação. É você quem se rejeita, antes mesmo dele..


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